Glamouroso – MC Marcinho
18:00
O MC Marcinho é fofo.
Chega com cara de mau –
correntes e relógio dourado no braço, cinco tatuagens no corpo, camisa de
jogador de basquete. Mas aí vê se um “100% Jesus” num dos braços, a MC Cacau
(sua mulher) noutro, e ele falando que curte Fábio JR e Roupa Nova.
O rapper é um fenômeno.
Morador de Bangu, faz show era nove de cada dez festas da Zona Sul carioca, da
bote Meier a Nuth da Baronetti a festinhas fechadas. No réveillon, tocou em uma
festa no Hotel Intercontinental, em São Conrado, Brasília não quer que ele saia
mais de la de tanto show que faz na capital, e em Porto Alegre e Fortaleza. Fora festinhas de
15 anos.
- A primeira festa de 15 anos na qual cantei foi na Barra. Quando eu olhei, tinha mulheres de vestido lingo pirateado. Eu perguntei: “É aqui mesmo que eu vou cantar funk?” – lembra.
Os adolescentes vibram como se lembrassem da época em
que lancei as músicas.
Pois é, Marcinho é um ícone
do inicio do funk, do tempo dos vinis da Furacão 2000. Em 1993 surgiu com o
“Rap do solitário”, um clássico. Tinha 16 anos e já sofria de amores.
Fez muito sucesso, trocou no
programa da Xuxa e conseguiu o feito de tirar o grupo de pagode Raça Negra do
primeiro lugar da parada da Rádio 98. Coisa antiga. Mas, principalmente, foi
com os companheiros do funk melody, essa vertente água-com-açucar do funk, que
ele conseguiu abrir caminho para o batidão entre as classes média e alta, o que
hoje é comum, mas há 10 anos não. Depois vieram os “bondes” coreografados, os
“proibidões” com letras-baixaria e MC Marcinho ficou esquecido.
- Foi uma fase muito difícil. Toda noite desmarcavam quatro shows meus, e eu com filho pequeno, tendo que comprar fraldas.
Marcinho – que nunca fez
nada na vida a não ser cantar – teve até que trabalhar. Assumiu o cargo de
chefe de administração do Hospital de Duque de Caxias.
- Eu chegava ao Pronto Socorro e sempre tinha alguém que me reconhecia e gritava “MC Marcinho, MC Marcinho”. Meu chefe teve que implorar para eu não sair da sala para evitar confusão – brinca
“O Rio de Janeiro é funk”
Engordou vinte quilos – “era muito xtudo e refrigerante que
botava pra dentro” – ficou deprimido e se separou e um tempo da Cacau. Hoje,
aos 26 anos, pai de três filhos (Cacau está grávida de mais um), faz musculação
e está e tpdas as paradas com a musica “Glamourosa” que virou inclusive toque
de celular. Diz que foi Deus quem o ajudou a tocar a bola para frente. Marcinho
frequenta desde criança a igreja da Graça Cristã e lá aprendeu a cantar e a
“não ter vícios”. As irmãs e a mãe ainda cantam no coral da Igreja, o pai foi
um dos primeiros puxadores de samba da escola Grande Rio, e todos vão a missa
aos domingos.
Ao lado de Bob Rum e MC Leozinho (que canta “Se ela dança eu
danço”), leva “playboy ao delírio”.
- Canto para playboy e para as pessoas da comunidade do mesmo jeito e é sempre bom – diz - O Rio de Janeiro é funk, mas ainda temos que ganhar mais espaço na mídia. Tenho orgulho de ter o MC no meu nome.
Créditos: Carolina Isabel Novaes /1996
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