Claudinho e Buchecha, 50 vezes por dia nas rádios de SP.
22:49
Saída de bailes funk em São Gonçalo (Rio de Janeiro)
para o resto do Brasil, a dupla de funkeiros Claudinho e Buchecha é a mais nova
coqueluche musical do país.
Só mês passado, o disco de estreia da dupla vendeu 250
mil cópias. Desde o lançamento, no final do ano passado, “Claudinho e Buchecha”
já encontrou 400 mil compradores, entre eles os jogadores Romário, Ronaldinho,
Edmundo e Djalminha.
Hoje, “Conquista”, o maior sucesso da dupla, é a mais
tocada nas rádios de São Paulo, com quase execuções diárias.
E a cada vez que eles sobem ao palco, para dublar sete
musicas em playback, suas contas bancárias engordam R$10 mil. Geralmente, eles
fazem 12 shows por final de semana em bailes funk, façam as contas. Dá R$480
mil por mês, só nesses shows de final de semana.
Ou, se preferirem, 480 vezes mais do que Buchecha, 22,
conseguia juntar em “Um bom mês”, quando ainda se chamava Claudirlei Jovêncio
de Souza e trabalhava como camelô. Além disso, ele teve outras profissões. Foi
office-boy, peão de obra.
“Sinto-me orgulhoso de tudo isso. Sempre fui honesto”, diz Buchecha, que sabe que essa opção não é tão obvia nem fácil quanto parece.
“Na lei da favela você tem que se virar, ou para o lado bom ou para o lado ruim. Depende da cabeça de cada um. Mas tem que correr atrás”, afirma Buchecha.
Claudio Rodrigues de Mattos, o Claudinho, 21, também teve
trajetória parecida. Também foi camelo, office-boy e, para variar, trabalhou
como boiadeiro. Mas isso é parte do passado. Uma vida que começou a mudar em
1992, quando passaram a cantar juntos. Uma transformação sintetizada em uma
frase de Buchecha:
“Antigamente a gente vendia, hoje a gente compra. Estamos melhorando de vida”, reconhece Buchecha, afirmando que, por enquanto, viu o pouco a cor desse dinheiro. “Esse dinheiro é dividido por muitos”. Tenho 12 irmãos. “Que eu conheça. Sei que meu pai tem uma fábrica”, diz ele.
Com o dinheiro eles compraram casas, carros e outras
coisas,
“O Claudinho comprou cuecas”, ironiza Buchecha.
“Família Dinossauro”
O maior sucesso da dupla é a musica “Conquista”. É ela
que eles costuma dublar quando se apresentam em programas de TV como “Domingão
do Faustão” e “Planeta Xuxa” – onde são frequentadores assíduos.
E é na TV, ou ao vivo, que um dos motivos do sucesso pode
ser visto. É a coreografia criada para musica inspirada no Dino, patriarca da
série de TV “Família Dinossauro”. Nos shows, o publico imita a “dança do Dino.
Uma das características de bailes funk é a que as músicas
são acompanhadas por coreografias, algumas pegam, outras não. A de “Conquista”
pegou.
E, com ela, eles conquistaram fãs e realizaram alguns de
seus sonhos,
“Sempre sonhei em dar um abraço na Xuxa. Mas pensava que estaria na plateia. Hoje, estou cantando no programa dela”, diz Buchecha no camarim do “Planeta Xuxa”.
O contato com os ídolos ainda fascina os dois, que sabem
que o sucesso pode ser efêmero.
“A gente tem que aproveitar esse momento”, afirma Buchecha.
A
dupla faz
12
Apresentações
me playback, em média
a
cada final de semana eles dubla sete
musicas
no show
eles
venderam
205
Mil
discos de seu álbum de estreia no
mês
passado; o disco traz o hit
“Conquista”
Latino “atravessou túnel” em 95
Claudinho e Buchecha não são os primeiros funkeiros a
“através o túnel”, como se diz no Rio de Janeiro em alusão ao túnel Rebouças –
que liga a zona sul carioca ao centro e a zona norte da cidade.
Antes deles, o cantor Roberto de Souza Rocha, o Latino,
24 anos, conseguiu levar o seu som dos bailes funks do subúrbio carioca para o
resto da cidade e para fora do Rio de Janeiro,
Seu primeiro disco “Marcas de amor”, de 1995, trazia o
sucesso “Me Leva” e emplacou 300 mil cópias, O álbum seguinte vendeu bem, mas não
repetiu a façanha, “Aventureiro” teve apenas a metade de compradores. Ainda
assim, foi uma boa vendagem para os padrões habituais do funk carioca.
Ladeado por duas modelos, as latinetes – que passam os
shows em playback a exibir seus atributos físicos rebolando -, o cantor aposta
em um estilo símbolo sexual a ser. Ele costuma ser agarrado pelas fãs e já
passou maus bocados com algumas mais afoitas.
Latino começou a carreira cantando em inglês. Passou a
cantar em português quando o DJ Marlboro – uma das principais figuras do funk
carioca – se tornou seu empresário.
Musicalmente, Latino é um dos expoentes do “funk melody”
– um termo em inglês criado no Brasil por DJs locais para definir uma musica
que combina uma batida funkeada com a musica romântica.
Baile Funk cria moda no Rio de Janeiro
Bailes funk são um fenômeno tipicamente carioca. Mas não
são um fenômeno recente. Sua origem remonta aos anos 60,nos bailes do subúrbio
e interior do Rio promovidos pelo falecido DJ Big Boy.
Hoje, os 350 bailes ocorrem até em boates da zona sul.
Organizadores estimam que 1,5 milhão de pessoas frequentam bailes.
Atualmente, os funkeiros tem o mérito de criarem moda na
cidade. O que, até pouco tempo, era uma caraterística da garotada bronzeada da
zona sul carioca.
Foi em bailes funk, por exemplo, que nasceu a expressão
”uh terêrê”, que invadiu os estádios de futebol e serviu para congressistas
comemorarem a uma vitória do governo. A mais nova mania também se alastra
rapidamente. “Ah, eu to maluco” já chegou aos estádios, mas, por enquanto,
ainda não foi usada pelos parlamentares.
Créditos: Luiz Antonio Ryff – Jornal do Brasil / 1996
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