Era só mais um Silva? Que nada! Filme sobre funkeiro MC Bob Rum estreia em fevereiro
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Dirigido pelo cineasta e pesquisador Marcelo Gularte, documentário levou quatro anos para ser filmado.
RIO - “Todo mundo devia nessa história se ligar...”. Um dos versos iniciais do clássico funk “Rap do Silva”, lançado em 1995, descreve o sentimento dos envolvidos no documentário sobre a vida e carreira de MC Bob Rum, com previsão de estreia para fevereiro. Mesmo sem conhecer um dos nomes mais famosos do funk carioca, você certamente já cantou “Era só mais um Silva, que a estrela não brilha…”. Há mais de 20 anos, ele vem fazendo sucesso pelas pistas do país e do mundo.
— As pessoas precisam assistir a o filme, é emocionante, uma história de superação. Conseguiram mesclar a história do funk com a minha trajetória de vida e o porquê do “Rap do Silva" ter feito tanto sucesso — diz ele, criado em Santa Cruz, Zona Oeste, onde começou a cantar.
Dirigido pelo cineasta e pesquisador Marcelo Gularte, a obra traz relatos e depoimentos de parentes e amigos. Conta a história de Bob Rum, passando pela infância, a descoberta da música, o início da carreira e os altos e baixos da profissão. O filme tem imagens de bailes da década de 1990 e de participações do cantor em programas de televisão.
Aos 49 anos, Bob Rum revela que jamais imaginou seguir carreira como cantor de funk. Criado dentro da igreja e fã de Cazuza, Legião Urbana e Djavan, ele conta que começou a escrever letras aos 15 anos, participando de festivais pelo Rio, até o dia em que o amigo MC Duda do Borel (um dos autores do “Rap do Borel”) o incentivou a compor funks.
— Eu sempre gostei de músicas que mexam com os sentimentos. Escrevi o “Rap do Silva” sem qualquer pretensão e levei para a Furacão 2000. Já na semana seguinte, a minha vida tinha mudado completamente e eu estava no palco com a Xuxa. Tudo isso é abordado no filme — destaca ele.
Bob Rum, nome artístico de Moisés da Silva, lembra que o apelido surgiu na adolescência, na época em que ia para a praia com os amigos surfistas:
— Eu nunca soube surfar e aí ficava na areia tocando violão. Um dos meus amigos tinha um cachorro chamado Bob Rum. Fiz uma música e dei esse nome. Dali em diante todo mundo me chamava de Bob Rum.
Gularte antecipa que a obra tem cenas gravadas na Itália, na frente do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, e em pontos da Zona Oeste relevantes historicamente. A escolha pelo museu — devastado após o incêndio em setembro de 2018 — tem explicação:
— Foi lá, na década de 1980, onde o antropólogo Hermano Vianna se tornou o primeiro cientista social a abordar o funk como objeto de estudo em sua dissertação de mestrado — justifica.
Pai de dois filhos, Bob Rum é casado há mais de 30 anos com a professora Sandra Silva, de 45 anos. No filme, o funkeiro conta que o estilo adotado por ele causava estranheza nos bailes:
— Eu não gostava de usar boné e jaqueta, por exemplo, e não queria aparecer na TV, era tímido. Cheguei cantando música sobre um pai de família, casado. Gostava de estudar, fui um funkeiro atípico — afirma Bob, que se formou em Administração e hoje é dono de uma produtora.
As filmagens duraram aproximadamente quatro anos. O filme, das produtoras Multiphocus, Cavideo, Bob Rum Produções e Misancén Filmes, terá pré-lançamento em fevereiro, no Brasil e em Nova York, nos Estados Unidos, e será apresentado em festivais internacionais
Créditos: Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
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