Rio -  A garota de Ipanema vai descer até o chão. Era para falar do mais recente lançamento de sua personagem Partimpim, o CD ‘Tlês’, mas Adriana Calcanhotto acabou antecipando em primeira mão para O DIA um projeto que idealizou para celebrar o centenário de nascimento de Vinicius de Moraes (1913-1980): verter para o funk a obra do poeta, compositor, jornalista e diplomata. Para cuidar do batidão, a cantora foi pedir ajuda de um novo amigo que entende do riscado, o DJ Sany Pitbull.
“Fizemos uma reunião sobre isso e surgiram mil afinidades entre nós. Eu ainda não o conhecia pessoalmente, só de ouvir falar, e da experiência que ele tem no funk”, conta Adriana, no final de uma apresentação intimista que fez no último sábado, na loja Fnac do Barra Shopping, para divulgar o novo disco infantil. “Ainda estou bem envolvida com o disco da Partimpim. Neste primeiro semestre vou sair em turnê, e isso do Vinicius em funk seria algo para depois. Mas teria que ser ainda em 2013, para coincidir com o centenário. Será um prazer mexer com esses elementos junto do Sany. Mas não penso em ser só eu e ele no palco. Seria eu cantando com a minha banda e as batidas dele”, adianta.
Pitbull também se entusiasma com a ideia, e já prepara as carrapetas para embalar as criações do saudoso parceiro de Tom Jobim, Baden Powell e Toquinho. “A Adriana acredita que o Vinicius era um cara tão à frente de seu tempo que, se estivesse vivo, estaria fazendo letras para funkeiros”, comenta o DJ.
Adriana Calcanhotto completa: “Eu vejo isso tranquilamente. Assim como não existiria Madonna sem Carmen Miranda, também acho que não existiria o funk sem Vinicius de Moraes. Para mim, ele é o criador do gênero”, decreta. “Acho óbvio pensar assim. O Vinicius fez a Bossa Nova e depois largou, aí entrou e saiu do samba, enfim, ele estava sempre indo em direção a novos caminhos”.
A cantora elege ainda o poeta, que compôs uma série de inesquecíveis canções para crianças no projeto ‘Arca de Noé’, como uma das principais inspirações para a sua Partimpim. “Quando lembro do centenário e olho para trás, percebo quantas gerações de artistas beberam na ‘Arca’. Incluindo eu, claro, que me formei musicalmente ouvindo aquela obra. O Vinicius escreveu coisas para crianças do mesmo padrão das que fez para adultos”, compara.
Perfil da boneca
Na Fnac, Adriana Calcanhotto cantou canções do repertório da Partimpim e, entre uma música e outra, era entrevistada pelo ex-baterista do Titãs e apresentador Charles Gavin. Ele, coitado, passou por momentos tensos para segurar a energia das dezenas de crianças que insistiam em subir no palco para ver de perto a estrela. Mas até que se deu bem no papel de babá dos pequeninos. “Nunca passei por isso antes, que sufoco!”, desabafou o músico, ao final.
Aqui, um bate-bola mediado por Gavin entre a criançada e a artista, que rendeu um divertido perfil da Partimpim 2013.
Qual o livro predileto da Partimpim?
‘A Mulher Que Matou Os Peixes’, da Clarice Lispector.
Um filme?
‘Fantasia’, de Walt Disney.
Qual o sabor de sorvete preferido da Partimpim?
Coco.
Foi a Adriana quem fez a boneca da Partimpim?
Não. Foi uma bordadeira incrível aqui do Rio chamada Clara Zuñiga. Ela também fez todos os bonecos que estão no novo clipe da Partimpim, da música ‘Lindo Lago do Amor’, do Gonzaguinha. E, além disso, ela vai fazer bonecos para cada instrumentista da banda, que vão para o palco nos shows de lançamento.
A Partimpim tem medo de escuro?
Não! Ela é destemida até demais!
Qual a dica para quem tem medo de escuro?
Ouvir música.
A Partimpim só se diverte?
Sim. A Adriana se diverte um pouco também, mas alguém tem que fazer o trabalho duro!

Créditos: Jornal O Dia