Os proibidões e o hábito da censura
22:17Os quatro MCs presos por cantar raps de apologia ao tráfico no Alemão gravaram um vídeo na delegacia. O link é http://bit.ly/ePvbAw , e nele vemos não só a explicação para a prisão, dada pela delegada, como uma breve defesa dos próprios cantores.
Em resumo: são artistas - se são bons ou maus, não vem ao caso debater - que cantam sobre os traficantes da área e que glorificam em certas letras a força que a parte armada da favela tem diante da polícia. São sintomas de uma sociedade, como qualquer artista que se disponha a comentar seu ambiente.
"Quem mora na zona sul canta sobre praia, sobre surfe. Eu canto sobre o tráfico porque é o que a gente vê aqui", defende um deles. Uma lógica indiscutível, mas o Brasil ainda engatinha a respeito de entender o que é liberdade de expressão e o que seria uma apologia ao crime.
É expressão. Não interessa se glorifica o tráfico. Toda forma de cultura já se curvou ante o poder dos vilões (cinema, rock, literatura), e o fato de aquela realidade ser muito próxima de nós não interfere: trata-se de um comentário artístico, não pode ser censurado apenas por pertencer ao que alguém considera mau gosto.
Comunidades inteiras se acostumaram por anos a uma criminalidade próxima, arrogante e, acima de tudo, triunfalista. Traficantes armados tiram onda, abocanham para si um prestígio de heróis e anti-heróis e atraem para si uma série de pessoas que pedem emprestado aquele brilho.
Chegam até eles moças namoradeiras, amigos funkeiros, jogadores de futebol e até políticos. Um way of life relativamente bem-sucedido no meio das mazelas. Se a ideia é agitar a comunidade num baile, torna-se ótima matéria-prima.
Palavras não ferem. Letras fanfarronas no meio de um batidão sacodem o esqueleto, mas não ganham corações e mentes. Não pode um Estado se sentir ameaçado porque uma comunidade canta pessoas que conhece, suas lendas e seus mitos. Seu microcosmo foi criado porque a lei se ausentou. E não some assim.
Em vez de empunhar vassouras e empurrar diversões sob os tapetes, as polícias precisam provar que são aliadas do morador - e o jovem funkeiro está incluso nessa. Se é para mostrar serviço, que se perca tempo com criminosos, e não com censura.
Em resumo: são artistas - se são bons ou maus, não vem ao caso debater - que cantam sobre os traficantes da área e que glorificam em certas letras a força que a parte armada da favela tem diante da polícia. São sintomas de uma sociedade, como qualquer artista que se disponha a comentar seu ambiente.
"Quem mora na zona sul canta sobre praia, sobre surfe. Eu canto sobre o tráfico porque é o que a gente vê aqui", defende um deles. Uma lógica indiscutível, mas o Brasil ainda engatinha a respeito de entender o que é liberdade de expressão e o que seria uma apologia ao crime.
É expressão. Não interessa se glorifica o tráfico. Toda forma de cultura já se curvou ante o poder dos vilões (cinema, rock, literatura), e o fato de aquela realidade ser muito próxima de nós não interfere: trata-se de um comentário artístico, não pode ser censurado apenas por pertencer ao que alguém considera mau gosto.
Comunidades inteiras se acostumaram por anos a uma criminalidade próxima, arrogante e, acima de tudo, triunfalista. Traficantes armados tiram onda, abocanham para si um prestígio de heróis e anti-heróis e atraem para si uma série de pessoas que pedem emprestado aquele brilho.
Chegam até eles moças namoradeiras, amigos funkeiros, jogadores de futebol e até políticos. Um way of life relativamente bem-sucedido no meio das mazelas. Se a ideia é agitar a comunidade num baile, torna-se ótima matéria-prima.
Palavras não ferem. Letras fanfarronas no meio de um batidão sacodem o esqueleto, mas não ganham corações e mentes. Não pode um Estado se sentir ameaçado porque uma comunidade canta pessoas que conhece, suas lendas e seus mitos. Seu microcosmo foi criado porque a lei se ausentou. E não some assim.
Em vez de empunhar vassouras e empurrar diversões sob os tapetes, as polícias precisam provar que são aliadas do morador - e o jovem funkeiro está incluso nessa. Se é para mostrar serviço, que se perca tempo com criminosos, e não com censura.
Autor: Márvio dos Anjos
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Fonte: Destak Jornal
Créditos imagem: Google
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