Madame diz que o funk tem pecado, que o funk, coitado, devia acabar

23:03

No dia 15 de Dezembro, acordei com a notícia da prisão de seis profissionais do funk sob acusação de formação de quadrilha e apologia ao tráfico de drogas. Passado o susto, o que ficou foi muita revolta e uma tristeza enorme. Quem segue o site, sabe da admiração que tenho pelo MC Galo e por isso meus sentimentos não podiam ser diferentes. Nos últimos dias, tenho expressado incansavelmente toda a minha indignação através do twitter e facebook, faltava deixar registrado também aqui no Funk de Raiz, onde por muitas vezes demonstrei todo meu carinho e respeito ao funk.



Logo que começaram a pipocar notícias sobre as prisões apareceram várias mensagens falando em funk limpo, funk sujo, funk do bem e funk do mal, muitas delas banalizando a situação dos MC's. Ver leigos chamando o funk desta forma não me surpreende, pior é ver "funkeiros" usando a mesma linguagem e profissionais "lavando as mãos" como se o problema fosse apenas de quem está preso. Proibição, perseguição, criminalização e discriminação afeta à todos que dependem dele para sobreviver. Como em qualquer movimento, o funk tem musicas boas, musicas ruins, artistas talentosos, sem talento e oportunistas que só querem ganhar dinheiro e defender seus próprios interesses. Vamos parar com essa história de separação, isso é leviano. O funk tem que ser livre, livre da discriminação, livre da criminalização, livre da hipocrisia, livre da perseguição, livre dos adjetivos maldosos, dos oportunistas e "pára-quedistas". Precisamos antes de tudo, defender o Funk do pré-conceito!

Sou totalmente contra as prisões dos MC's, não é proibindo, perseguindo ou prendendo que vamos resolver nada. REPUDIO todo e qualquer sensacionalismo e hipocrisia em cima das mesmas. Aos hipócritas de plantão, quero deixar bem claro, também não sou a favor da apologia ou muito menos da putaria, sou a favor dos debates, das palestras, de orientar, politizar, mostrar alternativas e soluções. Ao invés de gritar PRENDE, MATA, ESFOLA, vamos discutir a violência e o descaso que levou ao caminho do PROIBIDÃO. O momento é propício para isso, já que o tema está em todos os canais, jornais, revistas, etc. Neurótico ou proibidão (como queiram) não fala da minha ou da sua realidade, mas daqueles que moram na favela. É aquela história, se o estado não comparece e o povo está largado a sua própria sorte é muito mais provável que venha outro e preencha essa "lacuna". É como erva daninha, se você não limpa seu jardim, não cuida direito e deixa crescer, amanhã ela estará forte e tomando conta de tudo. Você vai culpar as flores e a terra por terem deixado isso? Quando se vive de costas pras favelas, fica impossível enxergar sua realidade!

Vale lembrar, que anos atrás quando os MC's cantavam outros temas, também eram perseguidos, discriminados e rotulados como bandidos. Os bailes tinham infinitamente pontos muito mais positivos do que negativos, mas a mídia só dava espaço as brigas e atribuía aos funkeiros tudo de ruim que acontecia no Rio. Quando o assunto é Funk, o pré-conceito e a discriminação sempre estão embutidos. Os tempos são outros, mas o discurso e o apelo continuam iguais!

Independente da sua opinião, o Funk é uma das maiores formas de comunicação da favela, canta o amor, as injustiças e, principalmente, a sua realidade.

Liberdade para o funk, Liberdade para os MC's!

"MC Galo respeito, admiro e tenho um enorme carinho por ti, aqui você é referência na história do funk". #LiberdadeMCGalo

Créditos Texto: Claudia Duarcha


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