O batidão é coisa séria
03:11Didático, o álbum Tributo ao Funk conduz a um olhar mais atento a este ritmo como rica e legítima produção cultural
Dentro do sistema de execução de músicas nas rádios, com a consequente badalação em programas de tevê – sobretudo os de auditório –, o funk carioca muitas vezes surge como sensação bissexta, ancorada na conotação sexual das dançarinas “popozudas”.
Já existe quem defenda que o funk dos bailes do Rio como uma manifestação de música popular, merecendo consideração semelhante a recebida, por exemplo, pela bossa nova. Não é só pretensão não. Porque a coletânea Tributo ao Funk, recém-lançada, comprova que o batidão já conta com uma bela, rica trajetória e deve ser olhado com mais seriedade pela crítica e até mesmo pelos pesquisadores sociais.
Não por acaso, essas 18 músicas passaram pela seleção de DJ Marlboro, o homem que comandou a popularização do funk, e tem uma didática apresentação escrita por Hermano Vianna. O antropólogo estudou e publicou um livro sobre o assunto antes mesmo de começarem a surgir as versões em português para os hits do Miami bass – a matriz norte-americana do gênero., que inicialmente era idêntica.
O primeiro funk produzido no Brasil e cantando em português foi Melô da Mulher Feia, em 1989, uma versão para Do Wah Diddy, do Two Live Crew. Não demorou muito para que os artistas cariocas colocassem na receita influências locais, especialmente o samba e a música popular (o brega) das rádios AM.
Não demoraria muito para que Latino e Claudinho & Buchecha alcançassem sucesso nacional com as batidas dos bailes de subúrbio. Surpreende, inclusive, como a música da dupla, extinta com a trágica morte de Claudinho, continua atual (aqui, representada pelo hit alto astral Nosso Sonho).
Entre as outras 17 faixas, existem as manjadas, caso do Rap da Felicidade (“Eu só quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela em que eu nasci) de MC Cidinho & MC Doca e Ela Só Pensa em Beijar de MC Leozinho, as polêmicas (Rap das Armas, de MC Junior e MC Leonardo) e as pioneiras (Feira de Acari, de MC Batata).
Juntas, diferentes faixas de diferentes artistas mostram que nem tudo o que é batidão é igual, como muitas vezes tenta-se convencer, embora a temática desses raps – o Rio, a vida no morro, romantismo e crítica social – seja comum.
Dá para ir inclusive mais fundo na análise do funk carioca como manifestação musical e social. Mas graças à sua seleção representativa, quase acadêmica, Tributo ao Funk funciona como uma verdadeira aula. Desde já um excelente ponto de partida, reunindo registros significativos desses 20 anos de história dentro de um contexto analítico e de valorização.
Dentro do sistema de execução de músicas nas rádios, com a consequente badalação em programas de tevê – sobretudo os de auditório –, o funk carioca muitas vezes surge como sensação bissexta, ancorada na conotação sexual das dançarinas “popozudas”.
Já existe quem defenda que o funk dos bailes do Rio como uma manifestação de música popular, merecendo consideração semelhante a recebida, por exemplo, pela bossa nova. Não é só pretensão não. Porque a coletânea Tributo ao Funk, recém-lançada, comprova que o batidão já conta com uma bela, rica trajetória e deve ser olhado com mais seriedade pela crítica e até mesmo pelos pesquisadores sociais.
Não por acaso, essas 18 músicas passaram pela seleção de DJ Marlboro, o homem que comandou a popularização do funk, e tem uma didática apresentação escrita por Hermano Vianna. O antropólogo estudou e publicou um livro sobre o assunto antes mesmo de começarem a surgir as versões em português para os hits do Miami bass – a matriz norte-americana do gênero., que inicialmente era idêntica.
O primeiro funk produzido no Brasil e cantando em português foi Melô da Mulher Feia, em 1989, uma versão para Do Wah Diddy, do Two Live Crew. Não demorou muito para que os artistas cariocas colocassem na receita influências locais, especialmente o samba e a música popular (o brega) das rádios AM.
Não demoraria muito para que Latino e Claudinho & Buchecha alcançassem sucesso nacional com as batidas dos bailes de subúrbio. Surpreende, inclusive, como a música da dupla, extinta com a trágica morte de Claudinho, continua atual (aqui, representada pelo hit alto astral Nosso Sonho).
Entre as outras 17 faixas, existem as manjadas, caso do Rap da Felicidade (“Eu só quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela em que eu nasci) de MC Cidinho & MC Doca e Ela Só Pensa em Beijar de MC Leozinho, as polêmicas (Rap das Armas, de MC Junior e MC Leonardo) e as pioneiras (Feira de Acari, de MC Batata).
Juntas, diferentes faixas de diferentes artistas mostram que nem tudo o que é batidão é igual, como muitas vezes tenta-se convencer, embora a temática desses raps – o Rio, a vida no morro, romantismo e crítica social – seja comum.
Dá para ir inclusive mais fundo na análise do funk carioca como manifestação musical e social. Mas graças à sua seleção representativa, quase acadêmica, Tributo ao Funk funciona como uma verdadeira aula. Desde já um excelente ponto de partida, reunindo registros significativos desses 20 anos de história dentro de um contexto analítico e de valorização.
Créditos: Diário Catarinense
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