Funk como manifestação cultural

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Há alguns anos atrás, qualquer brasileiro, se perguntado sobre o gênero musical genuinamente carioca, responderia samba. De meados dos anos 90 para cá, essa resposta não sai tão fácil, pois outro som passou a ecoar entre as vielas das comunidades e as pistas de dança da cidade. Assim como o samba, o funk se firmou como o som que é a cara do Rio de Janeiro e rapidamente tornou-se conhecido por todo o país.

O ritmo surgiu no rastro das inovações musicais dos negros norte-americanos nos anos 60. Foi a partir do soul, do jazz e de outros gêneros, que DJs brasileiros, sobretudo o DJ Malboro, desenvolveram o “som de preto e favelado” que animava os bailes cariocas ao final dos anos 80.

Na década seguinte, o funk tornou-se popular e saiu do Rio para ganhar o país. Canções como o Rap do Silva, Rap do Solitário e cantores como MC Marcinho, Sapão e Bonde do Tigrão caíram no gosto da juventude e contribuíram para afirmar a força do movimento.

Manifestação cultural da periferia

A popularização do ritmo, no entanto, trouxe consigo algumas mudanças. Como é comum acontecer com as manifestações culturais populares, setores das indústrias da cultura, sobretudo a fonográfica, perceberam o potencial mercadológico da música e a incorporaram entre seus produtos. Esse processo acaba por dar visibilidade a poucos artistas, além de ditar parâmetros para a produção, a partir de critérios midiáticos e de mercado.

MC Leonardo, cantor e compositor de funks, afirma que, desse modo, uma parcela específica de artistas e composições são privilegiados, em detrimento de outros tantos. “É preciso divulgar os trabalhos dos artistas que não estão se enquadrando no mercado apelativo”. Sobre esta questão, o manifesto do Movimento Funk é Cultura, ressalta que “sob o comando monopolizado de poucos empresários, a indústria funkeira tem uma dinâmica que suprime a diversidade das composições, estabelecendo uma espécie de censura no que diz respeito aos temas das músicas”.

MC Leonardo é um dos fundadores do Movimento que surgiu recentemente no Rio de Janeiro, procurando reunir artistas do gênero e fortalecer o funk enquanto manifestação cultural. Para os integrantes do Movimento, o gênero é hoje uma das maiores manifestações culturais de massa do país e “está diretamente relacionado aos estilos de vida e experiências da juventude de periferias e favelas”, afirmam em seu manifesto.

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